Judaísmo messiânico
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O Judaísmo Messiânico (hebraico: יַהֲדוּת מְשִׁיחִית, translit.: Yahadút Mešiḥít) é uma corrente do judaísmo que combina elementos tradicionais judaicos com a crença de que "Yeshua" (nome hebraico de Jesus) é o Messias prometido. Para essa corrente, Yeshua é o Mashiach ben Yosef (Messias Filho de José), Mashiach ben Elohim (Messias Filho de Deus), o cumpridor das promessas referentes ao servo sofredor. Eles acreditam que Yeshua retornará como o Mashiach ben David (Messias Filho de Davi), cumprindo as promessas relacionadas ao Rei Messias.
As comunidades messiânicas, em sua maioria, guardam as 613 mitzvot, isto é, mandamentos (desde que passíveis de serem cumpridas atualmente), observam as festas tradicionais e a kashrut, e professam os treze princípios da fé judaica formulados por Maimônides no século XII. Alguns membros do Judaísmo Messiânico servem nas Forças de Defesa de Israel quando vivendo no país.
Existem organizações que centralizam as comunidades judaico-messiânicas com representações nacionais e internacionais, incluindo Beit Din (Tribunal Rabínico) para a ordenação de seus rabinos. Apesar de divergências de opiniões entre alguns grupos, atualmente há uma coexistência de pensamento na maioria das comunidades.
O Judaísmo Messiânico não é reconhecido oficialmente pelo rabinato de Israel, apenas por algumas autoridades rabínicas. Na visão judaica ortodoxa, os “judeus messiânicos” são considerados cristãos e uma falsa religião judaica, mesmo quando nascidos de mãe judia. Judeus messiânicos alegam que qualquer judeu religioso que creia nos 13 princípios de Maimônides é, de certa forma, messiânico, independentemente de quem julgue ser o Messias, mesmo que for Yeshua de Nazaré.
História
[editar | editar código-fonte]Origens no Primeiro Século: O Judaísmo Messiânico remonta ao primeiro século da Era Comum, quando Yeshua de Nazaré (Jesus) iniciou seu ministério e "a seita do caminho" acreditava que Yeshua era o Mashiach ben Yosef (Messias Filho de José), o servo sofredor profetizado nas Escrituras Hebraicas. Esses primeiros judeus messiânicos continuaram a observar a Torá, participar das sinagogas e celebrar as festas judaicas, ao mesmo tempo em que proclamavam Yeshua como o Messias prometido.
Desenvolvimento e Separação: Ao longo dos primeiros séculos, o movimento judaico-messiânico enfrentou crescentes tensões e divisões tanto dentro da comunidade judaica quanto com os gentios convertidos ao cristianismo. A destruição do Segundo Templo em 70 EC e a subsequente revolta de Bar Kochba em 132-135 EC contribuíram para a separação entre judeus messiânicos e o judaísmo rabínico tradicional. Além disso, a crescente helenização do cristianismo e a adoção de práticas e crenças não judaicas pelos gentios convertidos levaram a um distanciamento gradual entre as duas comunidades.
Renascimento no Século XX: O Judaísmo Messiânico moderno começou a tomar forma na década de 1960, principalmente nos Estados Unidos. Um marco significativo foi a fundação da "Hebrew Christian Alliance of America" (Aliança Cristã Hebraica da América) em 1915, que mais tarde se tornou a "Messianic Jewish Alliance of America" (MJAA) em 1975. Esse movimento buscou restaurar a identidade judaica dos seguidores de Yeshua e reconectar suas crenças com as práticas e tradições judaicas.
Crescimento e Reconhecimento: Nas últimas décadas do século XX e início do século XXI, o Judaísmo Messiânico experimentou um crescimento significativo. Comunidades messiânicas foram estabelecidas em várias partes do mundo, incluindo Israel, onde o movimento ganhou visibilidade. Organizações como a União das Congregações Judaico-Messiânicas (UMJC) e a Aliança Judaico-Messiânica de Israel (MJAI) foram formadas para centralizar e apoiar as comunidades messiânicas. A Ahavat Ammi International foi fundada em 2006. Outras associações judaicas permanecem no anonimato.
Crenças
[editar | editar código-fonte]O Judaísmo Messiânico é uma corrente do judaísmo que combina elementos tradicionais judaicos com a crença de que Yeshua (Jesus) é o Messias prometido. As crenças centrais do Judaísmo Messiânico incluem:
1. Yeshua como o Messias: Os judeus messiânicos acreditam que Yeshua de Nazaré é o Mashiach ben Yosef (Messias Filho de José), o servo sofredor profetizado nas escrituras hebraicas. Eles veem Yeshua como aquele que cumpriu as profecias messiânicas do Tanakh (Bíblia Hebraica) e aguardam seu retorno como o Mashiach ben David (Messias Filho de Davi), que trará paz e restauração ao mundo.
2. A Torá: As comunidades messiânicas observam a Torá, incluindo as 613 mitzvot (mandamentos), na medida do possível e aplicável nos tempos modernos. Isso inclui a observância das festas bíblicas, o respeito às leis dietéticas (kashrut) e outras práticas tradicionais judaicas.
3. Os Treze Princípios da Fé Judaica: Os judeus messiânicos professam os treze princípios da fé judaica, formulados por Maimônides no século XII. Isso inclui a crença na unicidade de Deus, na revelação divina da Torá e na vinda do Messias.
4. Observância das Festas Judaicas: Os judeus messiânicos celebram as festas bíblicas, como Pessach (Páscoa), Shavuot (Pentecostes), Sucot (Festa dos Tabernáculos), Rosh Hashaná (Ano Novo Judaico) e Yom Kipur (Dia da Expiação). Essas celebrações são vistas como oportunidades para honrar a Deus e lembrar eventos importantes na história de Israel.
5. A Unidade do Povo Judeu: Apesar das divergências teológicas, os judeus messiânicos se veem como parte integral do povo judeu e da herança judaica. Eles enfatizam a importância da identidade judaica e da continuidade das tradições e práticas judaicas.
6. Serviço Militar e Vida Comunitária: Em Israel, alguns judeus messiânicos servem nas Forças de Defesa de Israel e participam ativamente na vida comunitária. As comunidades messiânicas frequentemente têm suas próprias sinagogas, escolas e instituições comunitárias.
Os rabinos messiânicos geralmente recebem formação rabínica através de uma Yeshivá (seminário teológico). Embora a maioria passe por um Beit Din (Tribunal Rabínico), alguns poucos podem não passar por esse processo formal. Os judeus messiânicos, em sua maioria, prezam por uma visão do judaísmo semelhante em vários aspectos ao judaísmo ortodoxo e conservador.
No judaísmo, assim como no judaísmo messiânico, são considerados judeus apenas os filhos de mães judias e os convertidos. A diferença está na conversão: no judaísmo messiânico, a conversão não precisa ser realizada em Israel e pode ser conduzida por rabinos locais e um tribunal rabínico composto por três rabinos. Algumas linhas do judaísmo messiânico aceitam quaisquer pessoas através de um processo de conversão básico. No entanto, esses convertidos são frequentemente referidos como "Ger" (estrangeiros conversos) em vez de "Goyim" (gentios).
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Ferreira, Paula Barbosa da Silva Fontanezzi Leonel (2019). «Judaísmo messiânico, genealogia e agência: relações entre judeus e não judeus em sinagoga messiânica paulistana». Religião & Sociedade. 39 (1): 15-35. doi:10.1590/0100-85872019v39n1cap01
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- Jovegelevicius, Jayme Caon (2018). ENTRE A CRUZ E A ESTRELA: um estudo sobre algumas aproximações de setores evangélicos com o judaísmo. (Monografia de bacharelado em Ciências Sociais). Porto Alegre: UFRGS
- Topel, Marta Francisca (2011). «A inusitada incorporação do judaísmo em vertentes cristãs brasileiras: algumas reflexões». Revista Brasileira de História das Religiões. 4 (10): 35-50
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- Travassos, Deborah Hornblas (2014). Judaísmo messiânico no Brasil e seus instrumentos de legitimação: a reinvenção do judaísmo ou uma nova religião? (Tese de Doutorado). São Paulo: USP-FFLCH. doi:10.11606/T.8.2014.tde-12112014-105209